Recostado no sofá a fazer "zapping" no comando esbarro com uma parte de uma entrevista que aborda a morte.
De facto, todos nós (e eu muito mesmo!) temos medo da morte e fugimos dela como o diabo da cruz. Inconscientemente, ou não!, provocamos um "acidente" cultural. Aos poucos fizemos com que a morte mudasse de residência isto é, de nossa casa para o "moderno hotel - Hospital".
Burrice a nossa pensar que conseguimos controlar isso.
Vamos todos morrer. Simplesmente sem um enquadramento espiritual, isto é intolerável, um tabu de que não se ousa falar. Assim, à distancia ficamos ainda mais sozinhos do que nunca perante a nossa mortalidade, perante a mortalidade dos que nos são queridos.
Entregar os últimos minutos de vida ao pessoal do hospital revela um pouco de indiferença perante o ente-querido.
Alguns autores defendem que estamos a roubar a morte às pessoas ao negligenciar esta realidade, de as deixar despedirem-se de quem amam, de tomar decisões. Quando o coma é inevitável, seria melhor que estivessem rodeados de quem pudessem escutar (já que a audição é ultimo sentido a ser perdido), sem fugir das suas inquietações.
Embora a ideia, ainda seja penosa, temos direito a morrer em paz e a ver morrer em paz.
NEM NA MORTE SOMOS LIVRES!
Há 2 dias