domingo, 22 de julho de 2012

"... toda a minha vida fiz o que quis, e agora que me restam 2 dias de vida..."

Pois é! Por mais anos que se passem com os livros abertos há sempre algumas situações que nos deixam perplexos e nos dão um abanão para a realidade.
Não há dúvidas que a indústria farmacêutica contribui para melhorar qualidade de vida dos doentes, todavia restringir esta industria ou dar-lhe o papel principal é mecanizar os cuidados. Por de trás de um corpo (ou melhor à frente) há sempre um ser humano. Este pormenor faz a diferença. Aquela treta que se aprende nas escolas de que o Homem é um ser biopsicossocial (e nos faz bocejar) afinal,não é de todo descabida.
Se não vejamos: Há dias, um Senhor Artur que se apresenta completamente asténico e em fase Paliativa necessitava de ajuda para mudar de posição dado que já não conseguia virar-se sozinho. Perante tal facto, o enfermeiro aborda-o e informa-o sobre procedimento e heis que este remata:
 "Ouça lá, passei toda a minha vida a fazer o que quis sem ninguém me dizer nada, e agora que me restam 2 dias de vida... deixe-me ficar assim!".
Seguiu-se uma pausa com um silencio ensurdecedor.
Pois, uma pausa em que segundos parecem horas. Apodera-se um gelo que inebria o corpo. Vive-se um sentimentos de impotência incrivelmente assustador. Uma questão imerge: "Que devo dizer e fazer a este homem?"


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