Poucas frases, curtas, mas... com uma indescritível mensagem....
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No passado domingo, as setas de S. Valentim andaram à deriva pelos corações lusitanos. S. Valentim é mais um estrangeirismo importado, recentemente. Aos casais cujo imane do coração polariza possivelmente algumas desta palavras aqui descritas possam ser levadas pelo vento. Tal facto não é de estranhar. Senão vejamos, o cérebro das pessoas apaixonadas está transbordado de substâncias químicas (adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas) que motivam energia intensa, falta de sono, paixão, perda de apetite e foco único. A dopamina é considerada o “elemento químico do prazer”, que produz a sensação de felicidade. A norepinefrina é a hormona responsável pelo desejo sexual, é semelhante à adrenalina e causa a aceleração do coração e a excitação. A produção deste cocktail de êxtase amoroso resulta da combinação de diversos factores como, a outra pessoa ser muito especial, ambiente físico propício, auto motivação, auto confiança… Ah, os homens tem maior facilidade de beber com mais frequência deste cocktail.
Uma questão impõe-se: servi-lo a quem?
A revista Psychology Today sugere que as primeiras experiencias são fundamentais marcando e mudando a pessoa, para sempre. Para tal, a novidade do primeiro encontro, ansiedade do primeiro beijo, o primeiro abraço, o primeiro olhar que ofusca tudo em redor… ficam gravados a ferro e fogo, devido a todos os nossos sentidos estarem alerta. Desta forma corroborara-se que na velhice tende-se a reviver a infância e a juventude como se fosse ontem: tempos em que quase tudo era a “primeira vez”.
Todavia, nem tudo são mar de rosas. O cérebro é muito astuto e sabe exactamente identificar uma repressão de um episódio antepassado. Inteligente, este não lhe dá a atenção que dedicou ao primeiro, e, naturalmente, não produz o fogo-de-artifício (dopamina). Ou seja, só há um segredo, surpreender, criar episódios novos. Então sim, surtirão o efeito desejado.
Se há coisa em que Portugal é fértil, é em heróis. De Caminha a Vila Real de Santo António a concentração desta espécie é surpreendente. O anonimato é o palco destes que tentam sobreviver a uma realidade que os apanhou desprevenidos. Milhares de lares estão na fronteira do desemprego. Grande parte da classe média, que ao longo da história foi o pilar da nossa sociedade, pura e simplesmente evaporou-se. O tradicional herói lusitano, como narra o seu fado, sempre viveu na sombra da época.
Os heróis das revistas e jornais passeiam a riqueza que têm e não têm. Ah… grande parte dessa fatia foi usurpada aos heróis silenciosos. Tal como a capacidade de indignação, perante um país que se assemelha a um edifício a ruir, totalmente deteriorado.
E os políticos, os comentadores que no ecrã ou telefonia proclamam o orçamento do estado, ou o estado da (in)justiça, ou seja o que for. Estes parecem não perceber que o cidadão comum não os entende nem lhe interessa para nada o que dizem. Talvez faça mais sentido dizer que os senhores de gravata são incapazes de falar o dialecto do povo.
Os ditos heróis silenciosos preocupam-se sim onde irão buscar dinheiro para as prestações, para as despesas com os filhos, onde encontrar emprego.
E mesmo quem nunca gostou de fado, começa a duvidar se o nosso fado/destino enquanto nação não é apenas isto. Sem expectativas ou direito a sonhar.