sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Heróis à sombra…


Se há coisa em que Portugal é fértil, é em heróis. De Caminha a Vila Real de Santo António a concentração desta espécie é surpreendente. O anonimato é o palco destes que tentam sobreviver a uma realidade que os apanhou desprevenidos. Milhares de lares estão na fronteira do desemprego. Grande parte da classe média, que ao longo da história foi o pilar da nossa sociedade, pura e simplesmente evaporou-se. O tradicional herói lusitano, como narra o seu fado, sempre viveu na sombra da época.

Os heróis das revistas e jornais passeiam a riqueza que têm e não têm. Ah… grande parte dessa fatia foi usurpada aos heróis silenciosos. Tal como a capacidade de indignação, perante um país que se assemelha a um edifício a ruir, totalmente deteriorado.

E os políticos, os comentadores que no ecrã ou telefonia proclamam o orçamento do estado, ou o estado da (in)justiça, ou seja o que for. Estes parecem não perceber que o cidadão comum não os entende nem lhe interessa para nada o que dizem. Talvez faça mais sentido dizer que os senhores de gravata são incapazes de falar o dialecto do povo.

Os ditos heróis silenciosos preocupam-se sim onde irão buscar dinheiro para as prestações, para as despesas com os filhos, onde encontrar emprego.

E mesmo quem nunca gostou de fado, começa a duvidar se o nosso fado/destino enquanto nação não é apenas isto. Sem expectativas ou direito a sonhar.

3 comentários:

  1. O texto é da tua lavra? Se é teu, congratulo-me com a força e qualidade que tem, além de espantosamente certeiro. Sei que és capaz disto e de muito mais...
    Abraço
    LFM

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  2. Ola "oasis dossonhos"
    O texto foi escrito por mim. Não é plagio. O que está escrito é baseado na minha opinião e naquilo que leio.
    ;)
    Abraço

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  3. "Preferia uma dona de casa nas Finanças", diz Medina Carreira. O teu texto parece dar-lhe razão.
    Parabéns pelo racício e pela organização das ideias.
    AS

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