quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Renato Seabra: modelo de... assassino!

Pensei que não ia ter de voltar ao assunto, mas uma série de factos nos últimos dias deixaram-me perplexo. Nas redes sociais, mais parece que a vítima é o frágil Renato Seabra, criança indefesa que não teve força para suster os avanços do corpulento Carlos Castro. Para a família, que não, que não, o Renatinho não é gay. Ser assassino não tem mal nenhum, ser gay é que sim. Em Cantanhede, reza-se hoje uma missa a favor de… Renato Seabra. Não me enganei, é mesmo uma missa a favor de Renato Seabra.
Vamos por partes. Que é assassino não parecem restar dúvidas. Ele próprio já terá assumido o crime. É grave e merece um castigo exemplar, sejam quais forem as circunstâncias. Que é gay, ou pelo menos bissexual, também parece não haver dúvidas – o que não tem mal nenhum, a não ser para a família e para o próprio. Que é prostituto, está visto no verdadeiro objectivo que norteou a sua relação com Carlos Castro.
Foram dois os verdadeiros problemas de Renato Seabra. Primeiro, ter a cabeça cheia de preconceitos acerca da homossexualidade. A Igreja Católica, que frequentou durante muitos anos como acólito, encheu-lhe a cabeça com essa noção do pecado. Em seguida, não ter percebido – ou não ter querido perceber – que subiria na carreira com a ajuda de Carlos Castro, sim, mas mediante um pagamento. Não há almoços grátis. Aceitou seguir para Nova Iorque e dormir na mesma cama do cronista como se de um ser angélico se tratasse, como se nada soubesse sobre o que vinha a seguir.
E o que vinha a seguir todos sabemos e ele também soube. Quando começou a levar no cu, não gostou. E todos os demónios que lhe foram inculcados pela família e pela Igreja Católica, ao longo dos anos, falaram mais alto. E ao matar Carlos Castro, torturando-o durante uma longa hora, Renato esconjurou o mal, acabou com o pecado, ó tempo volta para trás. «Já não sou homossexual», terá dito à Polícia.
Infelizmente para Renato Seabra, os prisioneiros de uma qualquer prisão do Estado de Nova Iorque não serão da mesma opinião. Mas aí, o jovem de Cantanhede já não vai poder usar um saca-rolhas…

in aventar.eu de Ricardo Santos Pinto

6 comentários:

  1. O desespero desfigura. O desespero transtorna. O desespero mata.
    O espanto das pessoas que conhecem o Renato revela uma coisa elementar. O acto que, alegadamente , praticou não condiz com o seu perfil, com a sua conduta.
    Houve, portanto, uma desfiguração, quiçá ditada pelo desespero.
    Era como se outra pessoa se tivesse apoderado dele.
    Deixemos os juízos para quem tem de julgar.
    Procuremos, sim, reflectir e inflectir.
    O mundo é belo. Mas a ficar um lugar muito perigoso.
    Zé da Pipa

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  2. Apesar de poder pensar que RS terá agido sem pensar nas consequências do que fazia - para si e para CC -, o que fez (supostamente) é demasiado grave para não haver consequências. Apesar de sentir alguma empatia por RS, não posso deixar de concordar com as duras palavras publicadas por Pedro. Em última instância, que a justiça seja eficaz...

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  3. Este caso despoletou uma onda de ignorância, má-fé, preconceito e primitivismo que pensei já não existissem desta maneira tão inculcada nos cidadãos do nosso pobre Portugal. O meu pai, homem esclarecido e de uma grande honestidade intelectual costumava chamar-me a atenção para a falta de civismo e primitivismo da maioria dos nossos cidadãos. Costumava dizer que Portugal é um país pequeno, de homens pequenos com ideias curtas, um dos poucos onde ainda se urina e escarra na rua, onde não se apanha as poias dos cães e deita-se lixo das janelas para baixo, entre outras desgraças muitas delas ainda mais graves.
    Este crime tem exposto os cidadãos do nosso país no seu "melhor".
    As missas de apoio ao Seabra, o padre, o cordão humano, o minuto de silêncio, a salva de palmas no fim...sinceramente, além de manifestações revoltantes são de uma cruel insensibilidade para a família da vítima. E são muito preocupantes pois assim se sente o pulso de um povo.
    Quando leio "ah, mas ele deve ter tido um motivo muito forte para..." ou " coitado do miúdo(!) estragou a vida dele" ou "o CC desencaminhou-o e o rapazinho não aguentou a pressão"... ... ... Mas afinal o que é que temos ao certo? O que temos ao certo é um horrível e bárbaro crime. Continuando nos factos e não na especulação, temos uma diferença abissal de poder físico - Renato, o assassino, na pujança dos seus 21 anos, musculado, alto, bem constituído. Carlos Castro,a vítima,65 anos, muito baixa estatura, em má forma física. Balofo. Indefeso.
    Renato Seabra foi a Madrid, a Londres e finalmente a Nova York com a vítima. Não estava sequestrado, era portanto livre para, em qualquer momento voltar atrás na sua escolha. Não o fez.
    Em Nova York, vamos supor que o seu desconforto aumentou ou que CC o assediou demais (especulação da minha parte, não o sabemos, não é portanto um facto). Renato Seabra sabia que SE quisesse bastar-lhe-ía quase dar um sopro mais forte para CC caír ao chão. Também sabia que, se estava a contragosto devia ter dado corda aos sapatinhos e virado costas (quanto a mim nunca deveria ter aceite as viagens em primeira instância, mas é apenas a minha opinião). Não, Renato tinha "N" hipoteses assertivas à escolha. Escolheu aquela que parecia ser impossível levar a efeito por alguem estudante universitário (logo com um intelecto no mínimo normal)e de comportamento até aí irrepreensível como opina quem o conhece.
    (continua)

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  4. (continuação)
    Renato optou por matar. Cuspiu no prato onde andou a comer. Ficou muito incomodado com a sua condição de prostituto. Torturou, matou e mutilou com requintes de puro sadismo/malvadez um homem velho e fisicamente indefeso que acredito lhe suplicou que parasse (como se abafaram os sons terríveis que se devem ter ouvido naquele maldito quarto?), que acredito que sofreu horrores às mãos do protegido por quem infantil e perdidamente se apaixonou e a quem manteve(e bem) em todos os momentos em que estiveram juntos.
    Renato Seabra é um assassino perigoso, que mostrou bem que a sua fúria assassina foi incontrolável, é frio e não tem uma réstia de compaixão:em qualquer momento podia ter parado as agressões e não parou. Mesmo depois de matar podia ter ficado por aí e não ficou. Tomou banho, vestiu-se e saíu do hotel pondo o aviso "do not disturb" na porta do quarto.
    Sei que os advogados vão atestar a insanidade do seu constituinte. Sei que se vai tentar contornar o impossível para inclusivamente (santa ignorância)se repatriar o assassino.
    Em minha opinião, mesmo sendo o menino de ouro que a sua mãe descreve atá à data em que cometeu o horrível crime deveria ser punido com mão pesada. Para mim mão pesada seriam mais de 25 anos sem hipótese de precárias. Vamos a ver o que prevalece agora. Se os golpes de rins dos sabidos advogados se a pura e objectiva justiça: punir sem comtemplações um assassino que já demonstrou não saber lidar com a frustração e ser capaz de cometer um horror como o quadro que nos tem sido descrito acerca do estado em que deixou a sua vítima.
    A opção sexual do rapaz? Mas afinal, qual a relevância disso para o que está em causa??????

    Maria Eugénia Cardoso
    (o comentário vai aparecer como anónimo, porque não sei como publicar de outra forma. Detesto porém o anonimato, daí juntar o meu nome).

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  5. Oportuno.
    Num tempo e num país, em que os heróis são corruptos (ou matadores) e os telejornais transpiram violência,como se tudo isso fosse normal. Por isso, há que chamar as coisas pelo nome; A inversão dos valores não pode ser tolerada de ânimo leve. É demais o que se passa à nossa volta, para fingirmos que não se passa nada...

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  6. Olá Maria Eugénia Cardoso.
    Desde já o meu agradecimento pela sua opinião.
    A sua declaração revela facto que muitas pessoas não vêem ou não querem ver.

    Agradecido pela vista... sempre ao dispor.
    Cumps

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