sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tornar-se Voluntário...

Não é novidade que participo em acções de voluntariado. Tenho expressado a minha opinião sobre certos assuntos. Desta vez, gostaria de partilhar a opinião de um amigo voluntário numa instituição de deficientes visuais.

" Não é raro que as nossas vidas diárias, apesar de parecerem muito ocupadas e importantes, nos tragam estranhas sensações de vazio, de insatisfação, ou até mesmo de inutilidade. Comigo acontece isso com alguma frequência, atirando-me para muitos momentos de reflexão sobre o como dar a volta ao problema. E interroguei-me com frequência: o que será que pode existir por aí, que não custe caro, e me possa fazer sentir melhor?
A resposta surgiu, num certo dia do verão de 2009, através de um noticiário da TV. Foi uma reportagem que me tocou fundo. Versava ela sobre um grupo de invisuais que praticavam actividades radicais num parque aventura. A impressão causada pela alegria daquelas pessoas, fazendo coisas que a mim me pareciam, até àquele momento, perfeitamente banais, obrigou-me a fazer pesquisas na internet, e obrigou-me a programar o momento certo para dar um passo em frente. Eu tinha de encontrar aquela gente.
Até que um dia isso aconteceu, através de uma página inacabada mas suficientemente boa para despertar ainda mais o meu interesse… Havia uma morada, e uns contactos de e-mail. E se eu os contactasse? E se me oferecesse como voluntário?
O processo de tomada de decisão foi longo. Pela minha cabeça passaram muitas perguntas e pensamentos. O voluntariado ocupa tempo, gasta-nos energias, e por vezes até nos pode fazer gastar dinheiro. Mas por outro lado pode-nos levar a fazer coisas novas, a viver novas experiências, que podem ser desafiantes, ou até mesmo assustadoras (como as aventuras num parque radical…). E então decidi-me. De repente tudo ficou claro: sim, eu hei-de lá ir… eu tenho de lá ir…
Por um lado pareceu-me que voluntariar-me poderia ser bom para os outros. O mundo em que vivemos não é um lugar perfeito, e muitas pessoas, grupos e comunidades precisam de ajuda. Os governos e os profissionais tentam dar resposta à maioria das necessidades humanas, mas é-lhes impossível chegar a tudo e a todos. Achei por isso que eu poderia fazer uma pequenina, muito pequenina diferença, num local onde, sem qualquer sombra de dúvida, as pessoas necessitam de muita ajuda. Achei que se nunca fizesse algo por ajudar os outros, e me preocupasse apenas comigo mesmo, estaria apenas a contribuir para que o mundo fosse ainda mais cruel e mais triste do que aquilo que já é. E pareceu-me que se dispusesse de um pouco do meu tempo, das minhas capacidades físicas ou intelectuais, ou mesmo do meu dinheiro, poderia contribuir para um planeta um bocadinho melhor, e trabalhar para um ambiente mais feliz, onde se trabalhasse em conjunto, em equipa, no sentido de tornar a vida um pouco mais fácil para todos.
Mas por outro lado também me pareceu que voluntariar-me poderia ser bom para mim. Ao pensar no que o voluntariado me poderia dar, rapidamente cheguei a uma conclusão clara: a de que ele me poderia dar muito. Por exemplo:
- Fazer novos amigos;
- Adquirir conhecimentos e experiências que me podem ajudar ao longo da vida;
- Estabelecer conexões com a minha própria vida profissional;
- Conhecer novas facetas da região onde habito;
- Aumentar a minha autoconfiança e auto-estima;
- Explorar aquilo que de facto quero fazer do resto da minha vida;
- Sentir-me útil ou mesmo importante;
- Sentir prazer em fazer coisas que podem ajudar os outros;
- Encontrar pessoas diferentes, que podem funcionar como verdadeiros modelos de vida;
- Usar a minha mente, o meu corpo, a minha criatividade;
- Tornar-me mais activo e saudável;
- Aliviar o meu stress;
- Combater o tédio;
- Divertir-me.
Pois é, foi tudo isto que me levou um dia à Póvoa do Lanhoso, e a propor-me como sócio da vossa associação, na esperança de no curto prazo poder começar a sentir-me útil. E logo ali conheci novos amigos. Gente que me deixou comovida, por ver que dedicavam todo o seu tempo de trabalho, e até o de descanso, à melhoria do bem-estar e da qualidade de vida dos outros. Eles fizeram-me sentir insignificante.”

2 comentários:

  1. O voluntariado...tenho a dizer que já pensei e penso várias vezes acerca desse assunto. Talvez ainda não me tenha tornado voluntária pois em acho que não conseguiria lidar bem com certas situações, mas mesmo assim, sonho em ser voluntária, vou fazer por isso :)
    Apoio toda a gente que é e tenciona ser, pois uma "pequena" parte de nós, pode ser uma grande coisa para os outros :)

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  2. Obrigado por deixares no teu blog este meu momento de partilha.
    Parece contudo que não suscita comentários... lolol.
    Abraço
    MDC

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