É verdade que ainda estou vivo. Embora não posso escrever tanto como queria por diversos motivos gostaria de partilhar um episódio que reflecte mentalidade lusitana.
Sabe-se que para os lados da terra de Pêro da Covilhã a selecção nacional prepara o Mundial de Futebol que irá decorrer na África do Sul. É simplesmente a mais prestigiada competição de Selecções.
Num domingo, dia de treino aberto à população, 4 mil pessoas deslocaram-se à Covilhã com o fito de ver os craques. A romaria foi enorme. A sessão de trabalho demorou apenas 50 minutos.
Ui! Só 50 minutos?! Bem o caldo entornou-se! Uma monumental assobiadela ecoou na encosta da Serra da Estrela. O povo protestou pela curta duração do apronto.
Na sua grande maioria, o ruído histérico partiu dos lábios de miúdas histéricas e sopeiras que alegavam mais tempo para apreciar as pernas do C. Ronaldo ou cabeleira loira do F. Coentrão ou o corpo do M. Veloso ou a tatuagem do Simão. Ao ritmo destas estavam aqueles homens viris do futebol que passam o tempo criticar os atletas de só correm atrás do flashes e fama.
Todos ou quase todos, queriam mais treino, queriam mais show. UPS! Queriam mais fotos e videos para pôr na net. Daí a revolta dos mártires.
O povo, mestre de bancada, percebe pouco de bola, não faz a mais pequena ideia do que é um treino, menos ainda do seu conteúdo e da sua duração. O povo quer é festa e festa prolongada.
Melhor, foi a reacção dos media que ampliaram os protestos até ao limite, até ao tutano. Esses mesmos não foram capazes de perguntar a uma sopeira, a uma miúda histérica ou a um homem portador de virilidade futebolística se faziam alguma ideia do que é uma sessão de treino. Porquê? O simples facto desta exaltação de ignorância tinha mais impacto na imprensa.
Em suma, é pior um mau repórter do que um povo histérico armada em especialista de bola.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Amigo:
ResponderEliminarNão discordando do que dizes, pior ainda parece-me abrir-se um treino (sublinho: TREINO) a milhares de pseudo-adeptos, neste tempo em que tudo é show, em que a Sociedade espectáculo criada pelos media influencia o cérebro (fraco) do povo sempre pronto pró forróbódó...de transformar um coxo em bailarino, um ignorante em vencedor de um concurso, uma foleirita qualquer que mostra as mamas em vedeta, um burgesso que arrota em cantor, ui a lista é interminável. Costumo dizer até que a populaça anda sempre à babugem e que os dirigentes são o espelho de uma atitude que desde os romanos é definida como "um povo que não se governa nem se deixa governar!"...se hoje alguém se lembrasse de atirar preservativos de uma avionete tenho a certeza que mais de meio portugal ia para a rua deitar a língua de fora, à espera que caísse mel do céu...
Grandabraço
Luís
Tanto o post como o comentário são maravilhosos e complementam-se.
ResponderEliminarInterrogam a frivolidade de tantos comportamentos modernos que revelam vazios profundos de estofo interior e não se resignam a alinhar na onda do politicamente correcto.
Parabéns a ambos.
SM
Tenho a dizer que tens aqui um bom texto Pedro ;)
ResponderEliminarAdorei a parte das "miúdas histéricas e sopeiras que alegavam mais tempo para apreciar as pernas do C. Ronaldo ou cabeleira loira do F. Coentrão ou o corpo do M. Veloso ou a tatuagem do Simão." Tens razão! :D