segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Espírito Natalício...

Caso fossemos chamados a opinar sobre o mês de Dezembro, certamente 99% de nós referiríamos que este é o mês do Natal, da Paz, da alegria, do reencontro das famílias, da partilha, da luz, dos beijinhos e dos abraços...
Bem... puras tretas! Dezembro é um hino à hipocrisia.
Se não reparem: é verdade que nesta altura do ano o acontecimento religioso - Natal - é o expoente do Cristianismo. Este alude aos tais valores supracitados. Concordo plenamente. O que me entristece é a forma rotineira como a população actua perante tal período. A fotografia de hoje remete-nos para uma "obrigação" de ir visitar o tio, o primo, a avó... Triste figura. Ah quase me esquecia das prendas e chocolates!
Então quando compramos a alegria dum sorriso duma criança com uma linda boneca, fico maravilhado. A criança sente, exactamente, aquilo que nos queremos que o Natal seja: o uma época de duas ou três semanas em que a obrigação de dar e partilhar para que no resto do ano não haja necessidade de nos preocuparmos em dar mais "alegria, luz, partilha, carinho, visitar os entes queridos...".
Esta minha fotografia da realidade pode aparentar um tiro sobre a fé. Mas muito pelo contrário, ela deve ser vista como uma caracterização de alguém que gostaria de ver os valores do Natal perdurarem ao longo do ano. Essa é a mensagem d´Ele.
É esse o espírito natalício...

2 comentários:

  1. Há imensa verdade neste post.
    Há natais sem Natal.
    Parece que até a solidariedade é oportunista: chovem como enxames as solicitações para isto e para aquilo.
    A família, os amigos, os presentes, os sorrisos, as visitas, as ceias de natal, as dávidas solidárias e as praxes sociais aprecem, tantas vezes, como obrigação que a sociedade impõe.
    É bom, é preciso libertar o Natal dos natais para que o Natal não se reduza a uma data precisa.
    O Natal só pode ser essa humanização constante que possibilite que o amor nasça e renasça em cada pessoa e em cada tempo.
    SM

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  2. José Carlos Ary dos Santos escreveu este poema (cantado por Carlos do Carmo, e, se bem me lembro, também por Paulo de Carvalho):

    QUANDO UM HOMEM QUISER
    Tu que dormes a noite na calçada de relento
    Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
    Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
    És meu irmão amigo
    És meu irmão

    E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
    Numa cama de raiva com lençóis feitros de lume
    E sofres o Natal da solidão sem um queixume
    És meu irmão amigo
    És meu irmão

    Natal é em Dezembro
    Mas em Maio pode ser
    Natal é em Setembro
    É quando um homem quiser
    Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
    Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher

    Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
    Tu que inventas bonecas e combóios de luar
    E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
    És meu irmão amigo
    És meu irmão

    E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
    Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
    Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
    És meu irmão amigo
    És meu irmão

    Natal é em Dezembro
    Mas em Maio pode ser
    Natal é em Setembro
    É quando um homem quiser
    Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
    Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher

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