Há coisas estranhas na vida! Então, não há?! Estranhas não... no mínimo intrigantes.
Antes de declamar estas linhas, barafustei com um alfinete. Este pobre coitado, apenas com cabeça e espeto, atreveu-se a beijar a pele. Claro está que a mão humana fugiu. Ainda lhe ralhou.
Este ingénuo alfinete não percebeu, ainda, que a sua amada "mão" rejeita-o. Afasta-se. Não obstante, a culpada desta paixoneta é a mão. Safada! Não é que esta passa a vida a passar-lhe os seus dedos pela cabeça... promete-lhe sedas, dá veludos.
É perfeitamente legitimo que ele perca a cabeça e queira consumar o seu simples desejo: tocar-lhe.
O seu destino está traçado. Enquanto for útil à mão humana, esta irá galanteá-lo incessantemente, até que este lhe deixe de ser útil.
A egoísta mão fecha-o e tumula-o na caixa.
Pobre objecto...
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O mundo divide-se em dois... o dos alfinetes e o das mãos. E nós, que quase sempre nos sentimos no papel do alfinete, lastimamos a dificuldade que temos em encontrar uma mão, uma só, que não se limite a tocar-nos condescendentemente. Desejamos picar, e quando eventualmente picamos, queremos picar mais, e mais, e mais. E a mão rejeita, afasta, repele, e a nossa pele de alfinete enferruja, envelhece, entristece.
ResponderEliminarMas nem todas as mãos são assim. Difícil é encontrar as que não são. Difícil é reconhecê-las na floresta de mãos em que habitamos. Mas elas estão aí. Um dia, havemos de as encontrar, e orgulhosamente havemos de passear de mãos dadas no parque, para que todos vejam que alfinetes e mãos, afinal, podem viver em paz e harmonia.
MDC