sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Picada...

Há coisas estranhas na vida! Então, não há?! Estranhas não... no mínimo intrigantes.
Antes de declamar estas linhas, barafustei com um alfinete. Este pobre coitado, apenas com cabeça e espeto, atreveu-se a beijar a pele. Claro está que a mão humana fugiu. Ainda lhe ralhou.
Este ingénuo alfinete não percebeu, ainda, que a sua amada "mão" rejeita-o. Afasta-se. Não obstante, a culpada desta paixoneta é a mão. Safada! Não é que esta passa a vida a passar-lhe os seus dedos pela cabeça... promete-lhe sedas, dá veludos.
É perfeitamente legitimo que ele perca a cabeça e queira consumar o seu simples desejo: tocar-lhe.
O seu destino está traçado. Enquanto for útil à mão humana, esta irá galanteá-lo incessantemente, até que este lhe deixe de ser útil.
A egoísta mão fecha-o e tumula-o na caixa.
Pobre objecto...

1 comentário:

  1. O mundo divide-se em dois... o dos alfinetes e o das mãos. E nós, que quase sempre nos sentimos no papel do alfinete, lastimamos a dificuldade que temos em encontrar uma mão, uma só, que não se limite a tocar-nos condescendentemente. Desejamos picar, e quando eventualmente picamos, queremos picar mais, e mais, e mais. E a mão rejeita, afasta, repele, e a nossa pele de alfinete enferruja, envelhece, entristece.
    Mas nem todas as mãos são assim. Difícil é encontrar as que não são. Difícil é reconhecê-las na floresta de mãos em que habitamos. Mas elas estão aí. Um dia, havemos de as encontrar, e orgulhosamente havemos de passear de mãos dadas no parque, para que todos vejam que alfinetes e mãos, afinal, podem viver em paz e harmonia.
    MDC

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