quarta-feira, 11 de maio de 2011

Metro e... religião

Era mais uma noite a correr para o metro. Saltando de 2 em 2 degraus, na estação do Marquês, a sonoridade não engana, as portas do metro fecharam. Prontos, este já foi! Mais pausadamente, pé ante pé, faz-se contas à vida. 12 minutos é tempo de espera pelo próximo metro. Até aí, tudo igual.
Suspirando com as mãos sobre os joelhos e os olhos a passear pelos mosaicos que pisamos todos os dias, esbarro com o título de um dos jornais (não sei precisar devido às pisadelas que sofreu) "Catequista mata pai e madrasta".
Percebo que o sensacionalismo jornalístico queira captar a atenção do leitor. Não obstante, o facto de realçarem nas letras gordas a actividade lúdica da pessoa, na religião, transparece um pré julgamento, não do acto (criminoso e horrendo), antes da actividade. É verdade que os membros da religião, principalmente, os que encabeçam os seus postos têm responsabilidades sociais na educação e transmissão de valores acrescidas. Estes mesmos rostos são, também, matéria como outro cidadão.
A meta desta expressão jornalística é "vender o seu produto" sobrevalorizando alguém que é membro da religião cometeu um crime. Enfim...
Bem, novamente o sinal sonoro. O sopro da carruagem arrasta o pedaço de papel para outros olhos... ou pés. Tenho de ir para o metro....

5 comentários:

  1. Pedro, como se escolhem ou recrutam catequistas, sabe? :)
    Partilho da sua visão e se eu estivesse no seu lugar, pensaria exactamente o mesmo. Mas acho que há mais qualquer coisa que falha e é com esse defeito que a comunicação social vai proporcionar o deleite literário a muitos desesperados por argumentos e evidências contra a Igreja e onde vai encontrar a sua mordaz arma contra a religião! ;)
    Beijinho sereno
    Ana Patrícia

    ResponderEliminar
  2. A meta desta expressão jornalística é "vender o seu produto" sobrevalorizando alguém que é membro da religião cometeu um crime. Enfim...
    This statement pretty much says it all! Regardless of which religion - or creed – or belief – or lifestyle is the subject of any journalistic report the only thing that can be guaranteed is that the veracity of the article will be subjected to the biased opinion of the author.
    Why should a headline such as ‘Catechist kills father and stepmother’ be any more or less shocking than ‘drug addict kills father and mother to gain access to their money’ or ‘US bombing drones kill innocent villagers in Libya’?
    Well, that depends upon the particular axe you have to grind!
    And what if the Catechist has been sexually abused as a teenager by the father and stepmother? Some might argue that this would be enough to justify such a killing.
    So the Metro traveller maybe a murdering fugitive but might just have a reason for what has been undertaken. Too much has been done too often in the name of and as an argument against one person’s opinion of another person’s beliefs.
    I return to the opening sentence: A meta desta expressão jornalística é "vender o seu produto" sobrevalorizando alguém que é membro da religião cometeu um crime.
    As I wait for my Metro train at the Marquês de Pombal I look at my fellow travellers, read the lurid headlines on the scraps of newspapers littering the platform and wonder............................
    The man on the Lisboa Metro 13.05.2011

    ResponderEliminar
  3. Apreciei a atenção à realidade que o autor do post revela e, ainda mais, a reflexão que essa mesma realidade lhe suscita e com a qual concordo.
    SM

    ResponderEliminar
  4. Olá Ana Patrícia...

    "como se escolhem ou recrutam catequistas, sabe?" boa pergunta....
    não faço ideia se há um processo de selecção e caso haja.. quais os critérios...
    Já agora estou curioso para saber... Será que me pode ajudar?

    bj

    ResponderEliminar
  5. Olá, Pedro! :)
    A fragilidade está precisamente na selecção! Em muitos lugares não há selecção sequer. Quantas vezes o sacerdote, por não ter quem sirva na catequese, lança o apelo do altar abaixo "quem quiser ser catequista será bem vindo". Isso não se deve fazer. A senhora que embeleza a igreja pode ter muito boa vontade, mas não servirá eventualmente para a catequese. Quantas pessoas não têm sensibilidade para galopar no dorso do tempo? A catequese de hoje, embora com o mesmo conteúdo,Jesus, não se faz como ontem nem amanhã se fará como hoje,as crianças não vão lá com fórmulas e o catequista tem de ser um autêntico "malabarista", sem fugir ao que lhe é solicitado e ao objectivo da catequese. O catequista deve ser alguém coerente: " Os meninos devem vir à missa" e um deles responde: "Mas tu não vens." Ninguém ensina o que não sabe ou vive!
    Não sei se haverá muitas paróquias em que haja uma selecção rígida de catequistas, mas acredita, Pedro, que há imensas que, por necessidade, recebem quem se voluntaria, ainda que para tal não estejam preparados. Ser catequista é ser voluntário, correcto, mas é um processo contínuo de aprendizagem também, eu sou aprendiz de catequista há 16 anos(comecei muito cedo)e todos os anos eu tenho necessidade de fazer melhor para ir ao encontros dos catequizandos.
    Quantos catequistas vão com o espírito de fazer da catequese puras aulas? Na catequese não há alunos nem aulas, há encontros ou sessões.
    Encontrar catequistas natos não é fácil, alguns voluntariam-se, deixam-se encontrar, mas há outros em que tem de haver uma grande sensibilidade e observação por parte do pároco ou por parte de quem com ele trabalha mais directamente para se poder sugerir "se calhar A seria um/a excelente catequista".
    Apesar de te ter escrito um comentário fora dos limites :) , fico com a sensação de não te ter ajudado muito, peço desculpa por isso! Não é uma questão fácil e dá pano para muitas mangas ;)
    Beijinho sereno

    ResponderEliminar